Após mais de uma década marcada por seca severa, a região vive um novo ciclo de confiança, sustentado na inovação, na diversificação das origens de água e na modernização das redes, um conjunto de exemplos, projetos e boas práticas reunidos na publicação «Algarve: Região Líder na Gestão Inteligente da Água».
Nos últimos anos, a precipitação no Algarve desceu de forma acentuada (menos 34 por cento desde 2012), mas 2025 assinalou algumas alterações fundamentais, como o registo nas seis albufeiras da região, no final de setembro, de 72 por cento da sua capacidade, mais do dobro do verificado no período homólogo. Mas a prioridade tem de ser a eficiência hídrica. Para o novo ciclo de aumento da resiliência hídrica da região são estruturantes as operações realizadas pelos Municípios, que estão a modernizar redes, combater perdas e reforçar reservatórios através de projetos apoiados pelo ALGARVE 2030, Fundo Ambiental e orçamentos municipais, assim como se revela fundamental o conjunto de investimentos em curso da responsabilidade das Águas do Algarve.
Em Silves, diversas intervenções levaram à redução muito substancial de perdas de água de 60 por cento para metade. Em Lagos, a ligação da ETAR da cidade à Quinta da Boavista irá permitir avançar com o uso de Água para Reutilização (ApR), a usar na rega dos campos de golfe, no abastecimento à marina e na rega de vários espaços verdes. Em Castro Marim, a extensão da rede pública de abastecimento de água está a ser feita a aglomerados anteriormente dependentes de furos e autotanques, o que reforça o acesso equitativo e a resiliência hídrica. Também nas empresas se verifica inovação produtiva e de processos. No Slide & Splash, por exemplo, há operações, algumas de economia circular, para reutilização anual até 21 mil metros cúbicos, compensando a expansão do parque sem aumentar a pressão sobre as reservas públicas de água. No Aquashow avançaram ações para reaproveitamento de 75 por cento da água de lavagem e redução de 50 toneladas de CO₂/ano.
O Algarve está ainda a testar tecnologias emergentes e soluções baseadas na natureza como a dessalinização solar, fitorremediação de nutrientes, o armazenamento de águas pluviais para rega e recarga de aquíferos. Também o ITI – Instrumento Territorial Integrado tem assumido um papel central enquanto relevante solução para desafios associados à água e ecossistemas de paisagem e com um impacto de significativo potencial para os territórios de fronteira no Algarve e no Alentejo.
A reprogramação do Algarve 2030 introduziu a nova prioridade 2F – Água, com a mobilização de 20 milhões de euros adicionais para reforçar a resiliência hídrica da região, passando de 66 para 86 milhões de euros os fundos estruturais de coesão mobilizados para fazer do Algarve uma região líder na gestão inteligente da água. “O futuro do Algarve é bem mais risonho em matéria de resiliência hídrica face aos passos dados através de financiamentos e projetos estratégicos como a Dessalinizadora de Albufeira ou a tomada de água do Pomarão, no Guadiana. E os sucessos que termos tido no tema da água reforçam a minha convicção de que, mantendo este grau de compromisso e cooperação entre autoridades e entidades nacionais, regionais e locais, seremos capazes de ter sucesso em muitas outras frentes”, entende a Ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho.
José Apolinário, Presidente da CCDR Algarve e da Comissão Diretiva do Algarve 2030, reitera que “a água é essencial à vida, ao desenvolvimento económico e à coesão territorial”. “O planeamento e a gestão da água exigem trabalho institucional em rede, ao nível nacional, regional e municipal, especial mobilização dos municípios e entidades gestoras, capacitação técnica, recursos humanos especializados, conhecimento, participação pública, monitorização do recurso e execução dos investimentos, com resultados concretos, matriz dos fundos europeus da política de coesão”, acrescenta. Por sua vez, António Miguel Pina, Presidente da AMAL e Vogal não executivo do Algarve2030, destaca que “com o envolvimento de todos, estamos a trabalhar rumo a um Algarve seguro, autossuficiente e sustentável em recursos hídricos, que se quer cada vez mais eficiente por via da inovação”.
A APA, Agência Portuguesa do Ambiente, através do seu Presidente, José Pimenta Machado, salienta que “a região apresenta hoje uma evolução positiva, com uma gestão mais informada e inteligente dos recursos”. “Este avanço é essencial para preparar o futuro, reforçando a base científica técnica sobre a qual assenta o planeamento e a tomada de decisão”.
