«A Cinco Palmos dos Olhos» é o oitavo romance de Carlos Campaniço, desta feita sobre a vida no Alentejo pós-25 de Abril, nomeadamente a luta pela sobrevivência do povo rural. O autor alentejano, radicado em Olhão há cerca de 30 anos, reflete sobre a sua herança cultural e as dificuldades enfrentadas pelas comunidades, incluindo o analfabetismo e a desigualdade. Um livro que é descrito como uma autêntica odisseia humana, retratando emoções universais que vão além do contexto histórico específico. Porque, apesar de várias obras de Carlos Campaniço estarem centradas no Alentejo, abordam temas humanos que ressoam amplamente, num romance que marca também o término de um ciclo literário dedicado à região que o viu nascer.
Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
Carlos Campaniço nasceu na aldeia de Safara, no concelho de Moura, Alentejo. Ali viveu até ingressar na universidade para cursar Línguas e Literaturas Modernas, sendo também mestre em Culturas Árabe e Islâmica e o Mediterrâneo. Há cerca de 30 anos que vive no Algarve, mais concretamente em Olhão, onde é programador artístico.
Os livros surgiram com naturalidade, tendo oito romances e um ensaio histórico publicados, os últimos cinco já sob a chancela da Casa das Letras do Grupo LeYa, designadamente, «Os Demónios de Álvaro Cobra», «Mal Nascer», «As Viúvas de Dom Rufia», «Velhos Lobos» e agora «A Cinco Palmos dos Olhos». Ao todo, foram seis livros dedicados ao «seu» Alentejo, num longo percurso de narrador a querer contar os tempos do século passado, a luta pela sobrevivência do povo alentejano, que começou precisamente pela obra «Molinos». “Inspirei-me grosso modo na aldeia de onde sou natural e acabei por dedicar seis livros a retratar a vivência rural alentejana, as suas comunidades, a luta de classes, todo o imaginário coletivo e popular. Este é o fim de ciclo, um número considerável de livros focados numa região e numa época, mas que não são livros de continuidade, antes pelo contrário, são livros até bastante distintos entre si. É um remate desta minha tentativa de compreender o que se passou e, ao mesmo tempo, de demonstrar e explicar aquilo que se passou”, refere o entrevistado.
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