A judoca farense Joana Santos conquistou, em Tóquio, a sua terceira medalha de ouro em Jogos Surdolímpicos, repetindo o feito de Taipé’2009 e Caxias do Sul’2022. A auxiliar de educação, licenciada em design de comunicação, abraçou o desporto ainda jovem e garante que nada teria sido possível sem o apoio incondicional da família e do seu treinador de sempre, Júlio Marcelino. Aos 35 anos, não pensa em desistir, porque o judo é uma paixão, e porque sente que é uma inspiração para os jovens atletas não desistirem diante de limitações.


Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

Portugal voltou a estar representado ao mais alto nível nos Jogos Surdolímpicos Tóquio 2025, que decorreram, entre 15 e 26 de novembro, na capital nipónica, juntando cerca de 3 mil atletas com deficiência auditiva, provenientes de cerca de 80 países e a competir em 21 modalidades. Ao todo foram 13 atletas portugueses de 5 modalidades e, entre eles, estava a farense Joana Santos, que se sagrou campeã surdolímpica pela terceira vez, revalidando o título na categoria de -57 quilos e somando a sua quinta medalha em Jogos Surdolímpicos.

A atleta do Judo Clube do Algarve de 35 anos suplantou a turca Buse Tiras no combate decisivo, depois de já ter vencido a coreana Eunji Seo, por ippon, e a venezuelana Mayerlyn Barreto Rodriguez, no ponto de ouro. Foi, assim, a terceira medalha de ouro em Jogos Surdolímpicos para Joana Santos, depois de Taipé’2009 e Caxias do Sul’2022, às quais soma ainda a prata em Sófia’2013 e o bronze em Samsun’2017. E pensar que, no início, foi para o ballet que Joana Santos entrou ainda criança, porque os pais cedo manifestaram a vontade da filha ter atividades extracurriculares e que levasse uma vida o mais normal possível, apesar de ser surda. “Ao fim de dois anos percebi que não queria ser bailarina, sentia falta de mais energia e intensidade. Tinha o vício de trabalhar o corpo todo, aquela força bruta, e fascinava-me a mudança das cores dos cintos. Era tudo aquilo que eu queria”, conta a auxiliar de educação da Escola E.B. 2, 3 Santo António, em Faro.

Assim começou esta caminhada há cerca de 26 anos e, à medida que Joana ia ganhando mais medalhas, mais a paixão pelo judo se intensificava, mais a motivação para vencer as adversidades era maior, sempre ao serviço do Judo Clube do Algarve e com o treinador Júlio Marcelino. “Já está quase com 70 anos e continua ao meu lado, acho que só se reforma quando eu terminar a minha carreira”, diz, com um sorriso. E como é que foi chegar a casa e dizer aos pais que queria ir para o judo, perguntamos. “Os meus pais sempre aceitaram as minhas decisões e disseram imediatamente que sim. Aliás, para eles, não era uma opção eu ficar em casa sem fazer nada. Sabiam que, através do desporto, eu podia ter mais independência, e foi isso que aconteceu, fui ganhando mais autonomia à medida que ia crescendo. O ballet não era de todo a minha praia, nem sequer conseguia transpirar, andava ali de um lado para o outro. Eu era mais dinâmica, precisava de um desporto com mais agressividade”, recorda.

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O Algarve Informativo agradece a ajuda imprescindível da tradutora de Língua Gestual Portuguesa Leonor Paulino para a realização desta entrevista.