O Museu de Portimão recebe a apresentação do livro «As Muralhas de Portimão: Subsídios para o estudo da história local», uma reedição que conta com posfácio dos arqueólogos Vera Teixeira de Freitas e André Teixeira, no dia 12 de dezembro, às 16h, na Sala do Descabeço. A ocasião contará ainda com a presença de Francisco José Carrapiço e José Manuel Brázio, dois dos autores da obra original.
O lançamento desta reedição da publicação, originalmente datada de 1974, da responsabilidade de Francisco José Carrapiço, Jaime Aschemann Palhinha e José Manuel Brázio, integra o programa das comemorações oficiais do 101.º aniversário da elevação de Portimão a cidade, assinalado a 11 de dezembro. E, num ano em que o Município centra estas comemorações nas pessoas, é de particular relevância que reedite uma obra escrita para o «Cidadão Despreocupado» que circulava pelas ruas naquela época. Os autores afirmavam que a intenção era colocar as pessoas a olhar para um muro que, apesar de parecer insignificante, carregava e continua a carregar, em cada pedra, muitos motivos de orgulho e um legado histórico que deve ser preservado.
A identidade de um povo é um legado que importa preservar para as gerações vindouras. Expressamente destinado à comunidade, este livro demonstra a existência física de um vestígio incontornável que, em muito, contribuiu para o desenvolvimento da cidade e que, apesar de se situar em espaços percorridos diariamente pelos cidadãos no seu quotidiano, passa despercebido aos olhos de muitos.
Para além de honrar este legado para o futuro, a reedição do livro homenageia Francisco José Carrapiço, Jaime Aschemann Palhinha e José Manuel Brázio, pioneiros no estudo dos vestígios do passado e na proteção e valorização da origem de Portimão. E a intenção foi manter este livro fiel ao original, tratando-se de uma edição fac-símile com pósfácio, que mantem o aspeto físico do livro e formato, oferecendo a oportunidade de adquirir uma publicação há muito esgotada.
É ainda de assinalar que o posfácio, que surge no final desta reedição de «As Muralhas de Portimão: Subsídios para o estudo da história local», partilha com os leitores comentários, reflexões, análises ou contexto adicional sobre a obra, da autoria de Vera Teixeira Freitas, da Câmara Municipal de Portimão, e de André Teixeira, da Universidade Nova de Lisboa, ambos arqueológos. Por sua vez, a gravura da capa utiliza uma imagem que retrata a Vila Nova de Portimão no final do séc. XVIII (1794) e, ainda que o atual Presidente do Município tenha escrito um novo prefácio, é mantido o original, particularmente interessante, redigido pelos autores.
A decisão de reeditar a obra integra-se perfeitamente na dinâmica de valorização da identidade e do património local que se seguiu a 1974, bem como no espírito de mobilização da comunidade para os desafios que o país enfrentava. Era expressamente destinada ao cidadão comum, que demonstrava demostrando a existência física das Muralhas de Portimão, um vestígio incontornável da história local. O prólogo deixa ainda patente informação sobre as circunstâncias de produção desta obra e dos seus autores, avaliando o contributo para o conhecimento da história e do património local.
Para além de revalorizar as muralhas de Portimão à luz da arquitetura militar portuguesa dos finais da Idade Média e do próprio processo de consolidação deste aglomerado urbano, é efetuada uma análise comparativa entre a cartografia histórica e o atual cadastro urbano, que permitiu observar uma clara manutenção urbanística de vários quarteirões ao longo do tempo, tanto na zona intramuros, como no seu exterior. A esta informação são acrescentados outros aspetos relacionados com as descobertas que têm sido feitas nas últimas décadas sobre esta estrutura defensiva. Troços de muralha identificados em trabalhos arqueológicos no centro histórico da cidade são um contributo inegável para o avanço da investigação relacionada com temática. São também estes procedimentos de salvaguarda preventiva que têm permitido a obtenção de dados relevantes e científicos sobre a dinâmica de ocupação no centro histórico da cidade, desde a época romana até a atualidade.