Uma equipa de estudantes da Escola Secundária de Júlio Dantas, em Lagos, foi a grande vencedora da nona edição do MEDEA, uma iniciativa da REN e da Sociedade Portuguesa de Física destinada a promover o conhecimento da Física junto dos jovens portugueses e da sociedade em geral. Com a coordenação da professora Octávia Santos, os alunos Dinis Melo, Ivan Cojocaru, Vasco Godinho, Ricardo Ramos e João Correia, do curso de Ciências e Tecnologias, pertencentes ao Agrupamento de Escolas de Júlio Dantas, tiveram oportunidade de apresentar, na tarde do dia 5 de novembro, o seu projeto perante uma plateia composta por muitos colegas e professores.

Os «Júlios 9» levaram a cabo um trabalho científico com o propósito de identificar e medir os campos eletromagnéticos de baixa frequência que nos rodeiam no dia-a-dia, seja em casa com os nossos aparelhos domésticos, em instalações elétricas ou na proximidade de equipamento de transporte de energia elétrica. Os campos magnéticos mais elevados que mediram encontravam-se dentro de edifícios, com equipamentos de curta utilização, nomeadamente 40 µT para um secador de cabelo e 20 µT para um aspirador móvel nas suas habitações e, na escola, 72 µT para uma placa de aquecimento e 63 µT para um retroprojetor, equipamentos que não são utilizados por longos períodos de tempo.

Na sequência do estudo conduzido, os cinco jovens deixaram ainda algumas sugestões, desde planear os edifícios e a distribuição da energia de modo a que os locais onde exista elevada exposição sejam muito pouco frequentados, principalmente por crianças; evitar frequentar, sem necessidade, locais com grande exposição a campos eletromagnéticos; estar informado, na hora de compra dos aparelhos, acerca dos campos que produzem e do modo correto de os utilizar; exigir mais investigação e informação mais clara ao consumidor; e tentar adaptar o design dos dispositivos de modo a gerar menos campos magnéticos. 


Sara Coelho, Vereadora da Educação da Câmara Municipal de Lagos

“São jovens que nos deixam bastante orgulhosos e vamos continuar a promover estas ações junto dos alunos e a desafiar e incentivar os professores para que participem nestas iniciativas”, afirmou, durante a entrega dos prémios, José Augusto Lopes, Diretor do Agrupamento de Escolas de Júlio Dantas. Já Sara Coelho, vereadora da Câmara Municipal de Lagos com o pelouro da Educação, sublinhou que este prémio demonstra que é possível ter alunos de excelência no ensino púbico. “É bom que continuem a existir projetos como este, pois atestam que os setores público e privado podem, em conjunto, produzir resultados muito positivos. E tenho a certeza que os jovens, ao participarem nestes projetos, estão a desenvolver conhecimentos noutras áreas do saber. O Município de Lagos está extremamente orgulhoso por esta conquista, por comprovar que os alunos das escolas do nosso concelho são realmente excelentes”



Recorde-se que a equipa da Escola Secundária de Júlio Dantas foi também distinguida durante a 21.ª Conferência Nacional de Física e o 28.º Encontro Ibérico para o Ensino da Física, que se realizou, no dia 1 de setembro, na Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior, na Covilhã. Na nona edição dos Prémios MEDEA foram ainda atribuídas duas menções honrosas a duas equipas de alunos da Escola Secundária Camilo Castelo Branco, em Famalicão.

Criado em 2008, o MEDEA é dirigido aos alunos do 10.º ao 12.º ano dos ensinos secundário e profissional e permite a aplicação prática da formação ministrada nas instituições de ensino, aliando o conhecimento científico à vida quotidiana dos alunos através de experiências realizadas pelos próprios, dentro e fora das salas de aula. Os participantes elaboram um projeto científico baseado em medições de campos elétricos e magnéticos de muito baixa frequência, 0-300 Hz, no meio ambiente, em particular na sua escola, em casa e na vizinhança de linhas de transporte de energia elétrica; e na procura de informação cientificamente credível sobre os eventuais efeitos destes campos na saúde humana. 

Horácio Fernandes, coordenador do MEDEA

As escolas participantes recebem depois um medidor de campo elétrico e magnético que utilizam no decorrer do projeto, sendo que cada equipa deve criar uma página na internet dedicada em exclusivo ao MEDEA, onde apresentam os resultados obtidos, as pesquisas efetuadas e outras informações relevantes ao projeto. “O concurso existe graças ao patrocínio da REN e é um bom exemplo da responsabilidade social das empresas com a sociedade civil e as associações que promovem a educação. A nossa ideia é fomentar o ensino e o conhecimento da Física em Portugal e isso passa, naturalmente, por motivar os alunos do secundário”, explicou Horácio Fernandes professor no Departamento de Física do Instituto Superior Técnico, em Lisboa.

De acordo com o coordenador do MEDEA, este concurso pretende sair um pouco do ensino formal tradicional, isto é, despertar o interesse para a aprendizagem através da curiosidade. “As empresas de engenharia, para além de necessitarem de engenheiros, também precisam que a população em geral tenha conhecimento do que se está a falar e o MEDEA quer que as pessoas investiguem, que saibam o que são radiações e que nem todas são más. Aliás, há uma radiação fundamental para a sobrevivência da espécie humana, a luz do sol”, frisou Horácio Fernandes. “A ideia do MEDEA é colocar as pessoas em contato com a realidade dos campos eletromagnéticos de baixa frequência e ver até que ponto isso pode afetar, ou não, a saúde dos seres vivos”, reforçou o docente.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina