O relatório «Descentralização, Desconcentração e Regionalização – O que pensam os Portugueses 2025», do IPPS-ISCTE, recentemente divulgado, e o «Eurobarómetro 539 de 2024» da União Europeia, revelam que os portugueses valorizam o trabalho das autarquias, defendendo mais competências descentralizadas e políticas de proximidade. Estes estudos traçam um retrato detalhado das perceções dos portugueses sobre o poder local, a descentralização e o processo de regionalização. No ano em que se assinalam cinco décadas de democracia local, 50 anos após as primeiras eleições autárquicas, os dados recolhidos refletem a valorização do papel das autarquias e uma opinião favorável ao papel da CCDR.
No que toca ao Algarve, 40 por cento dos inquiridos consideram que o seu município melhorou nos últimos 10 anos graças à ação das autarquias — valor acima da média nacional (39 por cento) e superior a regiões como Lisboa (35 por cento) ou Alentejo (28 por cento). No Algarve, cerca de 53 por cento dos inquiridos defendem uma maior transferência de competências para as autarquias locais— alinhado com a média nacional; 60 por cento dos inquiridos consideram que a Câmara Municipal se preocupa com os cidadãos; 48 por cento referem as CCDR; e 46 por cento a Administração Central — um valor que evidencia a importância das políticas de proximidade junto dos cidadãos. Numa escala de confiança de 0 a 10, as autarquias e as CCDR registam uma média de 5,5 — ligeiramente acima do ponto médio e mais valorizadas do que entidades da administração central.
Os estudos indicam que 71 por cento dos inquiridos desejam reabrir a discussão sobre a regionalização e 75 por cento defendem a realização de um novo referendo. Ao mesmo tempo, 57 por cento defendem que os presidentes das CCDR devem ser eleitos diretamente pelos cidadãos, reforçando o desejo de maior legitimidade democrática. O Algarve destaca-se ainda pela satisfação com o setor do turismo, mas apresenta níveis mais baixos de satisfação com a habitação e a educação, apontando para áreas prioritárias de intervenção regional e local.
Dados do Eurobarómetro 539, de 2024, já haviam igualmente sinalizado estas prioridades: 63 por cento dos algarvios consideram boa ou muito boa a qualidade de vida na região. Contudo, o custo de vida (43 por cento) e a habitação (33 por cento) surgem como principais preocupações dos cidadãos na região algarvia.