De 30 de abril a 4 de maio, Lagos mergulhou mais uma vez no espírito épico dos Descobrimentos por ocasião da 12.ª edição do Festival dos Descobrimentos, evento lacobrigense bianual que contou com a habitual participação das forças vivas locais. Foi um convite para viajar no tempo e no espaço, com uma Feira Quinhentista, múltiplos espetáculos e recriações históricas, exposições, workshops, uma conferência, visitas guiadas, animação permanente e muitas outras surpresas.

Tudo começou, na tarde do dia 30 de abril, com o Cortejo Histórico que juntou mais de dois mil figurantes em trajes de época, a desfilar desde a Avenida dos Descobrimentos até à Praça do Infante, com a presença especial do Embaixador do Japão e da comunidade escolar. Ao longo dos cinco dias, a Feira Quinhentista ocupou a Praça do Infante e o Jardim da Constituição com mercadores, artesãos, taberneiros e animação contínua. Em diferentes pontos do recinto, recriações históricas, espetáculos, animação circulante e polos temáticos deram vida a episódios do passado: acampamento mouro com dromedários e guerreiros, espaço dedicado à vida militar com disparos de canhões e treino de armas, jogos para toda a família, torneios de cavalaria, a construção de uma caravela modular com a ajuda do Centro Ciência Viva de Lagos e até passeios na embarcação Santa Bernarda para recordar tempos de aventura.

O Japão teve uma forte presença nesta edição, com o Festival dos Descobrimentos a construir uma ponte entre os navegadores portugueses do século XVI e a cultura nipónica com várias experiências imersivas: no Jardim da Constituição, o Espaço Japão convidou a explorar a gastronomia, o artesanato e as artes tradicionais do país; houve também demonstrações de Kyudo (tiro ao arco japonês), workshops de origami, caligrafia, furoshiki, mizuhiki, kirigami e até peças de sushi e doces típicos como o daifuku mochi. No Armazém Regimental, a exposição «Kakure Kirishitan – Cristãos Ocultos» apresentou um capítulo menos conhecido da história religiosa japonesa.

À noite, os grandes espetáculos tomaram conta do Palco da Muralha e do Cais do Forte Ponta da Bandeira: «Circle of Fire» abriu com fogo e expressão corporal; os poderosos tambores Taiko ressoaram a 2 de maio; e a surpreendente «Samurai Station» uniu teatro, arte e pirotecnia. Nos dias 3 e 4, o espetáculo «Tanegashima» recriou, com a embarcação Santa Bernarda, a chegada dos portugueses ao Japão, seguido da história de amor impossível entre a princesa Wakasa e Fernão Mendes Pinto, encenada sob o título «O Primeiro Amor».

O programa incluiu ainda visitas guiadas que revelaram os bastidores históricos e geológicos de Lagos, com percursos pela «Rota da Escravatura», caminhadas pelo centro histórico em busca das rochas que constroem a cidade e visitas comentadas ao Forte Ponta da Bandeira e à Caravela Boa Esperança. Numa lógica «fora de portas», o Cinema de Lagos teve exibições gratuitas de filmes alusivos à Ásia e o Centro Cultural de Lagos foi palco, no dia 3 de maio, da conferência «O Encontro de Portugal com o Japão nos Séculos XVI-XVII», reunindo investigadores e especialistas numa reflexão sobre as trocas entre os dois mundos. Já os equipamentos do Museu de Lagos tiveram entrada gratuita ao longo dos cinco dias do evento.

O XII Festival dos Descobrimentos constituiu, por tudo isto, um verdadeiro mergulho na história, com animação contínua, recriação, conhecimento e surpresa a cada esquina.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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