Faleceu esta quinta-feira, 17 de abril, vítima de doença súbita, o conhecido cantor Nuno Guerreiro. Nascido a 5 de setembro de 1972, em Loulé, era possuidor de um registo vocal de contratenor – único no panorama pop português e até mundial – e teve uma carreira rica marcada pelas sonoridades soul e rhythm & blues.

Começou a cantar muito cedo, tendo como influência primordial a fadista Amália Rodrigues. Aos 16 anos foi para Lisboa para frequentar a Escola de Dança do Conservatório. Durante os anos seguintes, cultivou a arte da dança, até que o destino fê-lo cruzar-se com o guitarrista Carlos Paredes. Participou nos concertos do músico, em 1992, em Lisboa e no Porto.

Integrou a formação da Ala dos Namorados como vocalista principal a convite dos músicos Manuel Paulo e João Gil e foi neste grupo que alcançou o estrelato. No sentido de cultivar a sua voz de contratenor, frequentou aulas de canto com Maria Cristina Castro, uma das melhores cantoras soprano portuguesas. Fora do âmbito da Ala dos Namorados, colaborou ocasionalmente com os «D.I.V.A.» de Natália Casanova e com o ex-Madredeus Rodrigo Leão

Nuno Guerreiro gravou, em 1999, o álbum «Carta de Amor», a convite da editora EMI do Japão, disco composto por clássicos da canção popular anglo-americana, tais como «When The Saints Go Marchin In», «Amazing Grace» e «Greensleeves». Contou ainda com a interpretação de «Perdidamente», poema de Florbela Espanca, musicado por João Gil para um grande sucesso dos Trovante. Em 2002 gravou o álbum «Tento Saber», com produção de Gonçalo Pereira. Entre a carreira a solo, com a Ala dos Namorados e outros projetos em que esteve envolvido, Nuno Guerreiro fez concertos por todo o país e várias partes do globo.

Em 1997, foi agraciado pela Câmara Municipal de Loulé com a Medalha de Mérito Municipal – Grau Ouro. Já este ano, nos dias 30 e 31 de março, deu dois concertos com casa cheia no Cineteatro Louletano, com a banda «Mau Feitio» com Ricardo J. Martins na guitarra portuguesa, João Palma no acordeão, Vítor Bacalhau na guitarra clássica e Vasco Moura no baixo elétrico. Os concertos, de homenagem a Carlos Paredes, foram gravados em vídeo ao vivo, para futura edição de um DVD, e tiveram ainda a participação da Banda Filarmónica da Sociedade Recreativa Artistas de Minerva.

Era precisamente com esta Filarmónica que Nuno Guerreiro iria dar um concerto no Festival MED, no final de junho, num espetáculo de homenagem à artista cabo-verdiana Sara Tavares, com quem Nuno Guerreiro manteve uma forte ligação artística e pessoal. E na memória dos louletanos ficará para sempre a sua interpretação sublime do «Hino da Mãe Soberana». Integrava, há cerca de um ano, a equipa do Cineteatro Louletano, com muito profissionalismo, orgulho e entrega. “O Município de Loulé irá encontrar a forma adequada de perpetuar a memória de Nuno Guerreiro, prestando-lhe a devida homenagem enquanto artista ímpar e ser humano único, para que futuras gerações se possam nele inspirar”, asseguram os responsáveis autárquicos.

Foto: Daniel Pina